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A pós-verdade,

As pessoas são induzidas a acreditar em mentiras com base em apelos à emoção e em crenças pessoais

Pós-verdade foi considerada a palavra do ano de 2016 pela Oxford Dictionaries. No passado fim de semana realizou-se, 18 anos depois do último, o 4º Congresso dos jornalistas Portugueses.

O que tem uma coisa a ver com a outra? Muito, direi eu. Na verdade, se olharmos para as conclusões apresentadas na Resolução Final daquele Congresso que afirmam, por exemplo, que “As condições em que se exerce hoje o jornalismo […] comprometem o direito constitucional à informação, indispensável para o exercício pleno da cidadania” ou que “As condições de trabalho […] estão a ter efeitos na qualidade do jornalismo e condicionam a independência dos jornalistas”, não restarão dúvidas de que o bom jornalismo é cada vez mais difícil nos nossos dias. Perante isto, abre-se livre caminho para a substituição dos meios de comunicação social tradicionais como fontes credíveis por outras que se preocupam mais em exacerbar os sentimentos dos leitores do que em informar com base nos factos. Assim, surge a pós-verdade, neologismo para definir uma realidade nova em termos informativos: as pessoas são induzidas a acreditar em mentiras com base em apelos à emoção e em crenças pessoais, em detrimento da verdade, da razão e da reflexão fundamentada.

Vivemos, pois, um drama informativo grave, já que os poucos profissionais que compõem as redações têm de dar resposta a uma imensidão de solicitações, sem tempo para investigar e para consultar aprofundadamente as fontes que fundamentam as notícias por si produzidas. Daqui surge, evidentemente, muita informação deturpada.

Terão sido razões desta natureza que explicarão o teor da notícia “SPM perde recurso da Expressão Plástica”, da autoria de Agostinho Silva, publicada no dia 29 de dezembro neste jornal. Na verdade, a ação interposta pelo SPM sobre a Expressão Plástica ainda está a decorrer, não havendo qualquer sentença da mesma. O recurso recusado pelos tribunais dizia respeito, apenas, a um pedido do SPM para que a SRE prestasse informações que considerávamos essenciais para o processo. Não foi o entendimento dos tribunais. No entanto, quanto à ação principal continuamos convencidos de que a razão estará do nosso lado. Infelizmente, a notícia levava os leitores a concluírem que o processo estaria concluído definitivamente. Nada mais errado. Bastaria um telefonema para comentarmos a decisão dos tribunais e tudo seria clarificado, mas nunca foi feito.

O SPM estará sempre disponível para evitar que a pós-verdade avance, porque considera que a boa informação é “indispensável para o exercício pleno da cidadania”.

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