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Renovação da classe docente: um imperativo nacional e regional

Veremos se este é, efetivamente, um orçamento amigo das pessoas e das famílias e não do cimento e da argamassa, que têm sido as verdadeiras apostas dos diversos governos regionais. Se assim não for, 2019 será mais um ano de intensa luta dos docentes.

Sabia que …

·        o rendimento de hoje de todos os docentes é inferior ao de 2010 e, em muitos casos, ao do início da década de 2000?

·         a média de idade dos docentes a nível nacional é de mais de 50 anos e de mais de 48 anos na RAM?

·        2/3 dos docentes se aposentarão nos próximos 15 anos?

·        entre 2006 e 2017, a nível nacional, houve uma redução do número de professores superior ao do decréscimo demográfico?

·        hoje, nas escolas, um professor com 50 anos é considerado novo em termos profissionais?

·        em Portugal, apenas cerca de 0,4% dos professores tem menos de 30 anos?

·        há professores com contratos precários há mais de 10, 15 e, até, 20 anos, porque a SRE não respeita a legislação nacional e as recomendações da UE, que exigem a vinculação ao fim de três contratos consecutivos?

·        em países desenvolvidos, dos quais a Alemanha é um bom exemplo, faltam milhares de professores?

·        no Reino Unido, há muito, se importam professores, dada a falta interna destes profissionais?

·        nos últimos anos letivos, tem havido falta de professores de várias disciplinas (Português, Inglês, Informática, Geografia, História, entre outras) quer na RAM, quer a nível nacional?

·         os professores estão entre os profissionais portugueses considerados mais confiáveis pela sociedade?

·        a profissão docente perdeu a atratividade de outros tempos, sendo, neste momento das profissões menos desejadas pelos jovens.

Os dados falam por si, mesmo quando parecem contraditórios, como acontece com os dois últimos: como compreender que, se, por um lado, os portugueses confiam nos professores, por outro, haja tão poucos jovens a desejar tornarem-se professores? Não seria natural que eles aspirassem a exercer a profissão de quem admiram? A resposta parece óbvia. Porque não acontece, então, isso? A resposta é simples: a carreira docente tem vindo a ser maltratada há mais de 10 anos. Têm sido ataques atrás de ataques, com o pretexto de que são profissionais privilegiados que ganham muito e trabalham pouco.

Quem arquitetou esta estratégia conseguiu um objetivo (a perda da atratividade da profissão docente), mas falhou o principal: a descredibilização dos docentes. Mais, os professores não só mantiveram o seu profissionalismo em níveis altos como contribuíram, no período mais intenso do ataque, para a subida dos alunos portugueses nos rankings internacionais.

Vêm estes dados a propósito do Orçamento Regional para 2019, que foi recentemente aprovado na ALRAM, e que é esperado com expetativa pelos docentes, não só pela recuperação do tempo de serviço, mas por um conjunto de outros aspetos fundamentais para a revalorização da carreira docente, de forma a torná-la atrativa para as novas gerações e garantir o seu futuro, para não termos de recorrer a professores estrangeiros.

Eis alguns desses aspetos:

1.       Reparação das perdas sofridas por quem vinculou antes de 2011.

2.       Recuperação do tempo de serviço sem barreiras artificiais.

3.       Vinculação depois de 3 contratos sucessivos.

4.       Combate ao envelhecimento docente.

Veremos se este é, efetivamente, um orçamento amigo das pessoas e das famílias e não do cimento e da argamassa, que têm sido as verdadeiras apostas dos diversos governos regionais. Se assim não for, 2019 será mais um ano de intensa luta dos docentes.

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