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Há férias e férias…

Maria encaixa, na perfeição, nas rotinas da família, enquanto Ana tem liberdade para improvisar

Ana e Maria são duas amigas de 10 anos, que se preparam para frequentar o 5.º ano, numa escola da Madeira. São ambas muito inteligentes, mas o rendimento das duas, na escola, é muito diferente: enquanto Maria foi a melhor aluna da turma; Ana não se destacou em termos de aproveitamento escolar, apesar de não ter grandes dificuldades na aprendizagem de qualquer área disciplinar.

Ambas têm pais com curso superior e bastante preocupados com a educação das filhas. No entanto, a conceção do que é uma boa educação é bem distinta para as duas famílias: os pais da Maria valorizam os resultados escolares e a dedicação total ao estudo das matérias que compõem os programas letivos, porque, para eles, a escola é a prioridade das prioridades. Os pais de Ana, por seu lado, colocam as atividades da escola a par de outras atividades não escolarizadas, como a brincadeira com os amigos, os passeios e os convívios de família, o exercício físico e os jogos de tabuleiro, e, no verão, a praia, muita praia, se possível, no Porto Santo.

É lá que se encontram as duas, com as respetivas famílias. Porém, pouco tempo têm passado juntas, porque, enquanto Ana “anda sempre à solta”, Maria tem “rédea curta”, porque os dias são programados pelos pais, desde o despertar ao deitar. Dessa programação diária, faz parte a resolução dos exercícios dos livros de atividades de férias de várias disciplinas, com destaque para Português, Inglês, Matemática e Estudo do Meio. É uma forma, dizem-lhe os pais, de não esquecer o que aprendeu no 4.º ano e de ir bem preparada para o 5.º ano. Maria aceita isso sem contestar, porque, há muito, interiorizou que a sua vida é, sobretudo, estudar para tirar boas notas.

Sentem-se as duas felizes e bem adaptadas aos estilos de vida das suas famílias. Maria encaixa, na perfeição, nas rotinas da família, enquanto Ana tem liberdade para improvisar, consoante o que cada dia lhe oferece, por isso tem feito muitos amigos novos, da Madeira, do Porto Santo e alguns do continente. Para ela, os dias do verão são longos, muito longos e nada têm a ver com os dias de aulas. Quase esquece que a escola faz parte da sua vida. Maria, pelo contrário, pouco convive com pessoas fora do seu círculo habitual e não tem um dia em que não tenha atividades iguais às dos dias com aulas. Tem saudades dos amigos da escola, não tanto das aulas.

Em breve, estarão no 3.º ciclo, depois, no secundário e, de seguida, na universidade, já a pensar nas suas vidas profissionais. O tempo passa muito rápido, sem que o possamos travar.

Que memórias terão da infância? Dos adultos que serão, o que se deve a este período de crescimento e de descoberta? Valeu a pena, não valeu?

Malhas que a vida tece!

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