Esta semana será uma semana curta; em contrapartida, o próximo fim de semana será mais longo do que o habitual. Uma dádiva do 25 de Abril, cujo 51.º aniversário comemoramos na próxima sexta-feira. Todos devíamos parar um pouco para compararmos a vida em Portugal antes e depois da Revolução dos Cravos.
Não tenho dúvidas de que, se esse balanço for feito seriamente e tendo por base os valores humanos que devem reger uma sociedade justa e livre, na qual todos os seres humanos devem merecer respeito e ter direito ao desenvolvimento integral, não haverá ninguém consciente e conhecer da história que tenha saudades daquele período de quase 50 de desrespeito pelas diferenças e de violação dos mais elementares valores humanos.
Por isso, temos razões mais do que suficientes para celebrar, com alma, mais um aniversário daquela manhã em que o sol voltou a iluminar o futuro dos portugueses. Celebremos, pois, tudo o que, por todos nós, conquistaram aqueles heróis improváveis que foram capazes de vencer o medo da sua juventude e assumir a responsabilidade de, subvertendo as responsabilidades hierárquicas, fazer o que os seus superiores militares jamais teriam tido a coragem de fazer.
51 anos depois, inspiremo-nos naquela geração de jovens militares que soube ultrapassar as suas diferenças e agir em benefício dos superiores interesses da pátria e não dos seus. Na verdade, nem todos pensavam da mesma forma, nem todos tinham os mesmos ideais para o país, mas todos sabiam que era preciso alterar o rumo político de Portugal. Por isso, valorizaram o que os unia e desvalorizaram o que os afastava.
Hoje, estamos substancialmente melhor, mas, nem por isso, devemos deixar de prosseguir no processo de procurarmos o melhor para o nosso país e para a nossa região. É certo que essa responsabilidade cabe, em primeiro lugar, aos responsáveis políticos eleitos para liderar o nosso destino. No entanto, todos podemos dar um contributo inestimável, através de uma intervenção cívica crítica e responsável. Esse é um direito que herdamos da Revolução dos Cravos e devemos exercê-lo, porque um direito não exercido corre o risco de se perder. Honremos, por um lado, os heróis que nos delegaram o direito do livre exercício dos nossos direitos e, por outro, exerçamos a responsabilidade de uma intervenção cívico-política inerente a todo o cidadão consciente e bem formado.
Quanto aos nossos políticos, um pedido simples em honra de quem soube valorizar o essencial em detrimento do acessório: que se deixem da politiquice bacoca assente em argumentos “ad homines”, em ataques pessoais para a destruição dos adversários políticos, e que procurem argumentos e ações que contribuam para a melhoria da vida dos seus concidadãos.