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Dados para reflexão em dia de reflexão

Sim, a realização dos docentes é o sucesso dos alunos. Não, apenas, dos que atingem as melhores classificações, mas de todos

Hoje, véspera de dia de eleições para a Assembleia Regional da Região Autónoma da Madeira, proponho alguns dados para refletirmos. Não se trata de dados que têm a ver, diretamente, com o partido em quem colocaremos a cruz, no boletim de voto.

A reflexão que aqui venho propor é sobre o modelo de educação que queremos para o futuro e, sobretudo, sobre o papel dos professores nesse modelo.

É certo que a educação tem evoluído muito e o papel dos docentes se vem alterando há muito, devido ao impacto das novas tecnologias e ferramentas pedagógicas.

É certo que, hoje, é muito mais fácil encontrar modelos de educação alternativos, alguns dos quais se orgulham de prescindir dos professores.

É certo que a inteligência artificial tem e terá, cada vez mais, aplicação nas áreas educativas.

É certo que… é certo que…

No entanto, temos de decidir se o futuro que queremos para a educação das novas gerações passa por um corte radical com o modelo em que os docentes ocupam um lugar importante, mas centralizado nas crianças, adolescentes e jovens.

Para mim, é claro que os professores e os educadores serão sempre fundamentais num modelo educativo humanizado. Por isso, temos de olhar para o estado desta classe profissional e dar-lhe condições para que possa trabalhar com qualidade. Isso é fundamental, quando constatamos que começam a faltar, em quase todas as disciplinas. A razão é, sobretudo, a falta de atratividade desta profissão para as novas gerações. Na verdade, ao contrário do preconceito de que se trata de uma profissão privilegiada, os nossos jovens, no momento de escolha dos cursos superiores, têm bem presente tudo por que passaram os seus professores para que eles atingissem os seus objetivos académicos.

Sim, a realização dos docentes é o sucesso dos alunos. Não, apenas, dos que atingem as melhores classificações, mas de todos; daqueles que não acreditavam em si e avançaram passo a passo; dos que pensaram desistir, mas encontraram quem os ajudou a continuar; de todos, até dos mais discretos e humildes.

No entanto, isso tem um custo enorme para eles, professores e educadores, cuja dimensão está bem patente nos resultados do Estudo sobre o bem-estar, envelhecimento e desgaste dos professores e educadores da RAM, realizado por uma equipa do Instituto Superior Técnico de Lisboa, liderada pelo Professor Doutor Henrique Oliveira.

Aqui ficam alguns desses dados para refletirmos, neste dia de reflexão eleitoral:

• média de idades superior a 50 anos;

• elevados índices de desgaste e burnout;

• agravamento do risco de esgotamento emocional a partir dos 45 anos;

• insatisfação profissional: 55% não recomendaria a profissão a amigos;

• frustração de 73% por não conseguirem acompanhar individualmente os alunos/crianças.

São estes os profissionais que trabalham pouco, ganham muito e têm 3 meses de férias?

Não, estes são os profissionais envelhecidos, desgastados, mas resistentes!

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